quinta-feira, 23 de abril de 2009

"Pelas cidades, campos, becos e vielas a máquina avança rumo aos dias perdidos desse nosso tempo (...) Pelos campos, estradas, trilhas e becos da esfera avança o contingente dos esquecidos."

Não há o que temer em desprender-se novamente... Liquidar o mistério é caminhar esquecendo o inevitável. Que venha o declínio e ao chegar que nos pegue em súbito contentamento, pois estar vivo é nada mais que simplesmente deixar a brisa rolar sem que nem mesmo ela seja notada.
E nos desprendemos... E sentimos em verdade, como nesse momento, senhoras e senhores, a presença de alguém. É a chama nossa, filha desta mesma essência, nossa irmã de sangue! Esteve sepultada por não encontrar mais lugar no molde que nos foi imposto a levar a vida, mais ela vive.
E assim viva nós a sentimos. E ainda a estamos vendo em sua plena realidade, tal como ela era, jovial, alegre, cheia daquela coragem que de longe lembraria a tal superação do medo.
E ainda sozinha ela se manifesta, e diz:
-Estou sozinha na paisagem. A paisagem deserta. Dentro do imenso silêncio , o meu silêncio vivo. Será que me percebem as coisas, os seres imóves envolventes? Haverá alguma consciência de minha presença ou estarei absolutamente só?
As imagens que ainda se retratam em sua saudade e as visões dos sonhos infantis, das esperanças que ainda não morreram, umas as outras por certo ainda o acompanham. São os que ainda não esqueceram e os que jamais poderão lamentar os sacrifícios que a sociedade moderna cometeu para em vão tentar calar esta chama - Estes sim devem declinar, encontrar seu caminho junto ao esquecimento.

Viver em prosperidade é perder para poder ganhar.

Renan Santana -
Brasília -DF.

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